Diário mesmo (I).
Disseram-me um dia que um blogue era um diário virtual. Não percebi o virtual. Vejo muitas verdades neste blogue, no sentido de coisas que acontecem na vida real, mesmo se eu pensava que na vida real é que elas não aconteciam, mas apenas em Hollywood. Mas sendo então diários, o que também não é verdade, visto que que cada qual escreve quando quer e não todos os dias, presto homenagem à ideia feita. Fiquei extasiado quando me telefonaste a dizer "vem". Riscara a possibilidade do campo das hipóteses para evitar neurastenias dispensáveis, que as há quanto bastem sem ser necesssário procurá-las. Uma espécie de empolgamento invadiu-me. De inesperado. De horizonte novo à minha frente. Fui a casa, fiz a mala, fui às compras e vim disparado. Pouco interessa se chegas tarde. Estar aqui é estar mais contigo do que estar onde estava. Quanto mais perto melhor. Comprei tudo. O teu doce de amora preferido. O enchido há tanto prometido. A variedade essencial de queijo e de pão. Vieram também as seis surpresas, que estão já organizadas para a tua chegada não sei quando. Assim que cheguei fui fazer o reconhecimento do terreno. Depois de arrumar tudo desci e fui beber café ao café. Dei uma volta ao quarteirão para respirar melhor o teu cheiro. O Verão continua pleno. Absolutamente pleno. Como eu estou em ti. Voltei. acendo a televisão onde alguém conspurca "Uma Estranha Forma de Vida". Acendi a nossa vela, que nos iluminou uma noite de amor com morangos e açúcar só do nosso, natural, sem refinação. E tive mesmo de dizer outra vez que te amo.
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