sexta-feira, março 30, 2007

Desejo

Desejo-te para que existas em mim
para que definitivamente possa ter-te,
e no meu corpo feito de areia eu desmaio
a cada vaga de espuma branca
que célere avança sobre mim
quando tu, em artes de feiticeiro,
me invades e invocas aos céus
todos os santuários repletos de desejos.
São iguarias de espécie o que me dás
delicados paladares e exóticos cheiros
e quando, à noitinha em êxtase eu bebo
o sémen da vida que de ti brota,
murmuro então o teu nome na minha cama
para que ele inunde o lençol que me cobre.
Oh! Sim, eu murmuro o teu nome
porque só as coisas murmuradas
são audíveis aos anjos que dançam
essa dança que é ter-te diante de mim,
na imensidão do espaço onde o meu corpo
te aperta sufocando o ar que nos separa.
É o querer agarrar-te para que tu existas,
é o querer ter-te em mim e dentro de mim,
é o querer que os meus olhos possam ver,
mais para além da simples miragem de ti!

Gabriela Moura