terça-feira, novembro 28, 2006

Desculpa
Mau amor: desculpa a minha insegurança. Eu sei que atravessas tempos difíceis. E, acredita, esforço-me ao máximo por respeitar o teu necessário espaço, que bem precisas dele. Custa-me, mas esforço-me. Não deveria ter sentido insegurança. Sei do teu amor. Sei que ele dura e que, porventura, involuntariamente te magooei no passado, ao transmitir-te indiferença. Recordo-me um dia mais recente, de há poucos meses, em que ias a dizer (ao telefone, numa terça-feira de manhã cheia de Sol) que só não eras só minha porque eu não queria. Travaste a frase a meio, mas eu vi a estrada que as tuas palavras queriam percorrer e vi que no fim da estrada estava eu. Como fazia então, cortei a fluidez da conversa, chamando-te a atenção para uma árvore qualquer da berma dessa estrada. Se calhar faltava-nos um pouco mais de liberdade para me nascer o amor por ti. Não sei. Mas lembro-me bem dessa conversa.
Hoje, lambuzo-me das tuas palavras, enquanto espero que chegues ao fim da estrada, da mesma estrada onde se calhar fui eu que te retive tempo demais. Penso em ti quando oiço músicas. Quando relaciono datas. Quando passo pelos sítios onde falta o teu perfume que sempre sentia à distância. Quando deambulo, às voltas sem destino pelos teus sítios, de carro, a pé. Os cafés onde fugazmente nos sentámos. As ruas que fugitivamente calcorreámos. Os locais onde secretamente nos entregámos. E, de repente, chego à conclusão, que temos uma grande história e que já somos um roteiro.
Sim, a vida tem-nos pregado partidas. Desencontrou-nos os calendários. Trocou-nos as voltas. Avalio, agora, o que sofreste por mim. E sabes o que sofro, agora, por ti.
Espero-te.
Amo-te.