sexta-feira, maio 18, 2007

(A Secreta, Plágio da Secreta)


Às vezes detenho-me a pensar em nós e chego à conclusão que somos um milagre. Se o amor é um sortilégio de acasos, nós somos um sortilégio de amor. Mas somos mais: somos uma resistência mágica aos desencontros e à adversidade crua e cruel do dia-a-dia. Das nossas vidas de trás. Das responsabilidades adultas que herdámos dessa vida de trás. Como se não tivesse bastado ter exigido do poder da química que esperasses pelo meu clicque. Comno se não bastasse a distãncia física que brevemente, ardentemente, oxigenicamente interrompemos como se a interrupção não devesse ser a normalidade e a normalidade não devesse ser a interrupção. Ainda hoje fiquei a pensar se os deuses gostarão de nós (nunca tive convivência pacífica com a entidade). Negar-nos uma hora de paixão. Impedir-nos a explosão da alma em corpo. Não se faz. E, depois, as reviravoltas das responsabilidades maiores. Às vezes também penso que é o destino a brincar connosco às escondidas e que temos de provar o dobro dos outros para exercer o direito a amar-nos. E no meio de tudo, de todas as transformações por que passei, de tudo o que gostava e não gosto, de tudo o que ignorava e agora me interessa, está a tua cara, o teu sorriso, os teus olhos, o sentimento das tuas palavras, quando soletras o meu nome aqui Secreto e dizes que me amas. É à força da intensidade dessa memória que sobrevivo. Para te amar outra e outra e outra e outra vez. Infinitamente.