sexta-feira, março 16, 2007

Procurava ao acaso algo para te oferecer. Deparei-me com este texto perdido, algures, na internet. Achei que se adaptava perfeitamente a nós. Nunca tive a oportunidade de ler a obra, mas o certo é que o seu autor, no recôndito século XIX, já conhecia o nosso segredo de amor.

“Os amantes separados iludem a ausência por meio de mil coisas quiméricas, que têm, todavia, mais ou menos realidade. Impedem-nos de se verem, roubam-lhes os meios de se escreverem, mas eles acham um sem-número de misteriosos modos de correspondência. Enviam-se mutuamente o canto das aves, o perfume das flores, os risos infantis, a luz do Sol, os suspiros do vento, os fulgores das estrelas, a Criação inteira. E porque não há-de ser assim, se todas as obras de Deus foram feitas para servir o amor e se ele tem sobeja grandeza para fazer da Natureza inteira a Sua mensagem? Ó Primavera, tu és uma carta que eu lhe escrevo.”

Excerto de “Os Miseráveis” de Victor Hugo