sexta-feira, março 23, 2007

(Amantes)

Está vento. Regressou, súbito, agreste, profundo, o Inverno que tinha sido expulso por um Verão precoce, que provámos nos corpos nus, então libertos e implodidos no prazer máximo da entrega total, nos suores do prazer, com que forrámos o Sol que nos batia em cheio na pele enquanto nos entregámos, nas caminhadas das serranias, em que provámos olhares, horizontes, medos, loucuras adolescentes.
Esse vento, julgando-se amigo, trouxe-me o teu cheiro, macio e penetrante, daqui de perto. Rondou. Embalou-me. Envolveu-me. Não sabia esse vento que estava apenas a aumentar-me a pena (de ilícito que não cometi) que é não te ver há quatro dias e não fazer amor contigo há cinco.

Amo-te.