sábado, dezembro 06, 2008

Nunca se viu coisa assim nestas paragens do Segredo de Amor, quase um mês sem uma palavra, sem uma imagem. É certo que a proximidade mirra a imaginação do que poderia ser a proximidade. É também certo que a situação que vivemos não é das mais motivantes para escrever. Há muita coisa em que pensar. Muitas dúvidas sobre o futuro me assaltam a cabeça, me fazem parecer muitas vezes ausente e estou-o, do sofá onde nos sentamos, da cama onde nos deitamos. Mesmo quando quero vir aqui. O amor do dia-a-dia é muito diferente do amor à distância. Permite fazer e dizaer na cara aquilo que, em último recurso apenas podíamos dizer aqui, simulando a vida de amor que efectivamente não tínhamos. Desde que te conheci que a minha vida foi uma turbulência. Olhando para trás, diria mesmo que foi uma vertigem. E, todavia, com uma tranquilidade misteriosa, que eu julguei inalcançável e que não costuma vir nos manuais do amor. Depois de cinco anos, desde a mais radical clandestinidade que só os nossos netos, talvez, um dia venham a conhecer se estiverem para aí virados, até aos dias de hoje, de uma espécie de união de facto repartida pelos alcatruzes da vida, somos hoje duas pessoas diferentes. Mas nessa diferença sucessiva que nos foi transformando, há uma constante. O amor. Eu amo-te loucamente, como nunca amei e como nunca julguei possível amar. O beijo que me deste hoje de manhã quando saíste é um diamante dos que não se encontram nas minas. O toque da tua mão na minha quando adormecemos é uma segurança que não há polícia ou exército que consiga garantir. Eu acredito que a plenitude física voltará depois dos químicos. Tanto futuro temos para viver! A vida com amor faz toda sentido. És o meu sentido. E eu sinto-te cá dentro mesmo quando estás longe. És-me.

1 Comments:

Blogger Teia de Textos said...

Que o cotidiano não estrague a química. Eis o desafio.
Abraços aos dois.

1:53 da tarde  

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