quinta-feira, abril 24, 2008


Estou cansado. Cheguei a casa, afogueado, de compras rápidas, apenas essenciais. Já noite, o calor invadia-me por todo o lado. Quando me sentei, à frente da televisão para fingir que jantava (o calor rareia-me o apetite), assustei-me. Custou-me encarar o ecran. Percebi que até os olhos estão cansados. Levantei-me e fui fumar um cigarro à janela. Outra vez o calor. Outra vez a noite. Mais silenciosa que costume. É estranhamente assim na véspera de feriados e de fins de semana. Aqui atrás da casa há um silêncio diferente nessas noites. Calmo. Inspirador. Enleante. E foi então que a minha cabeça voou de novo para ti. Demora mais a explicar do que demorou a acontecer. Tudo me sucedeu em tropel. E, ao voar, encontrei-te em casa, também numa noite de calor. As janelas estavam abertas, as da frente e as de trás. Os cortinados translúcidos esvoaçavam um pouco pelas varandas. Viam-se árvores, já frondosas desta Primavera tardia mas potente. E surgiste-me, então, envolta na tua nudez irresistível. E eu entrei. E voei. De novo. Também e ainda envolto no calor, mas já no teu e não no da noite. Também cansado mas abandonado em ti. Viam-se as silhuetas dos móveis com a luz da noite que entrava na casa às escuras. Mas eu só percebia a tua silhueta. Tocava-me ela, expulsando tudo o que me rodeava da minha atenção. Abandonado, como deliciosamente me consigo encontrar em ti. A nadar sem nexo pela tua pele. Sem saber onde começar e onde parar. Vagueando por toda, desejando buscar-te calmamente no prazer da nossa completude, calmamente, como sempre desejo e nunca consigo. Porque a velocidade do amor é mais rápida que os planos da razão.

1 Comments:

Blogger a secreta said...

AMO-TE mesmo muito!

1:13 da manhã  

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