De repente apeteceu-me voltar a estar contigo naqueles penedios da Serra, de onde descíamos até à água. Aqueles silêncios, aquelas cores, a tua presença, tudo me faz falta. Como me apetece dizer-te que te amo, e que a grande novidade em mim está no à vontade com que to digo. Será por, afinal, nunca ter amado e ter apenas julgado que sim? Que é feito daquela carapaça de que tanto te queixaste? Está desaparecida, estilhaçada, perdida, desde a magia do outro Agosto. Como penso também que, afinal, conheço-te há tanto tempo e não sabia. Como me comove a tua entrega... Como me apetece entregar-me nas tuas mãos, na tua boca, no teu sexo, sem limite nem condição. Como penso em como é insuperável sentir-te abandonada em mim. Tudo coisas que me assaltam os pensamentos e em que tento vislumbrar um fio condutor, de tão desconexas e soltas que por vezes parecem. Hoje, depois de falar contigo, numa nesga das férias, tive de escrever. E aqui estou. Ah, é verdade, o fio condutor será o amor? Eu acho que é. E até esta liberdade de ir falando, como se aqui estivesses ao meu lado e eu não tivesse de escrever, mas apenas de te olhar nos olhos e ir desfiando as palavras.
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