(Infinitude)
Desenfreadamente procuro as palavras que não saiem. Ao pânico da página em branco que tantas vezes experimentei, sucedeu o pânico do ecran em branco que experimento agora. É do calor? Não. É da falta do que dizer? Não? É do ar seco de algum deserto que tantas vezes me habitou? Não. É simplesmente da fome de gestos que tudo domina e bloqueia. Gestos de amor que quero fazer contigo. Dominar-te, possuir-te, cheirar-te, provar-te, sem limite nem circunstância. Sentir-te dona de mim, manobrado, totalmente entregue ao teu capricho, à tua sede, à tua ânsia. Respirar-te no olhar. Saborear-te na infinitude inexplicável do teu sorriso.
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