quinta-feira, fevereiro 22, 2007

(Seio)

Se não estivesse cansado contava-te uma história. De amor. De amor verdadeiro, daquele que resiste a todas as dificuldades, a todas as demoras, a todos os obstáculos, a todos os feitios, a todos os impossíveis. Aquele que irrompe irresistível no meio da multidão ávida de intriga, de segredos, de coisas, de tudos e de nadas. Aquele que passeia anónimo nessa multidão aparentemente indiferente, mas no fundo gulosa da felicidade dos outros. Amar simplesmente é o mais difícil no século XXI. Contava-te, quantas vezes já o fiz?, já o fiz?, como te fui desejando, como te fui descobrindo, como te fui bloqueando, como, enfim, deixei a lava sair do vulcão. Um amor terno, mas eléctrico, sentimental, mas químico, romântico, mas selvagem na posse total. Aquele que culmina completamente alheio ao mundo exterior nas nossas carícias, nos nossos beijos, nas nossas cópulas, nos nossos orgasmos incontáveis e consecutivos. Mas estou cansado. Só me alenta saber que te vou olhar amanhã, directo, no teu olhar e poder dizer-te que te amo. Indiferente ao mais.