domingo, dezembro 24, 2006

Meu Amor,
Decidi vir passar um bocadinho da noite de Natal aqui, contigo. Estou recolhido em casa, a ler, livros e jornais e a pensar em ti. Sinto à distância que estás a passar um momento difícil. Lembro-me do que me custou a mim no ano passado. E o que me custou ainda este ano. Ir à casa, ao ambiente outrora familiar, tentando aparentar a normalidade possível. Ao mesmo tempo, sentir a crueza da distância a que estamos desse mundo que simultaneamente provoca uma espécie de vazio e ao mesmo tempo está já preenchido. Difícil descrever. Eu sei.
E tu não me sais da cabeça. Penso no que já fomos, no que me apetece sermos. Refreio o impulso de te enviar uma mensagem. Temos vivido quase dentro de uma caixa de mensagens. Penso em ti, na tua pele, nas tuas mãos, no teu olhar entregue quando fazemos amor. No teu sorriso único de doçura e de alegria. Até na forma como tentas vencer aquilo a que chamas fantasmas.
E depois penso na próxima vez. Na próxima vez em que vamos amarmo-nos ao vivo sem intermediários tecnológicos. Voar novamente para aquele mundo que ainda na sexta-feira visitámos. És-me essencial. Tudo me conduz a ti.
Amo-te.